terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Boa noite!

Hoje pensei em abordar um assunto que muito me rodeia: O que faz um psicólogo em um atendimento com crianças?

O que vocês conhecem do atendimento psicológico durante a infância? 

Muita gente me pergunta como pode um psicólogo atender crianças através de uma leitura psicanalista, como nós faremos com que alguém tão pequeno sente-se conosco e nos conte sobre suas questões, dores e dificuldades? 
A resposta é bem simples: nós não faremos isto. Como costumo pontuar é importante ter em mente que, na maioria das vezes, as questões não surgem da criança, mas sim da escola, de instituições a qual a criança pertence ou de seus pais. A criança não sentará conosco e nos contará suas dificuldades, até porque, em sua maioria, elas não entendem o que fazem ali naquele espaço. Claro que não digo que isto não ocorra, mas não é tão comum. 
O atendimento com crianças faz uso de uma ferramenta muito antiga: o lúdico. Nós enquanto psicólogos iremos favorecer suas novas construções diante daquilo que as angustiam. Os nossos pequenos pacientes atuam mais diante de suas questões e por isso no atendimento de uma criança nós iremos brincar com elas e deixar que se expressem diante daquilo que as está incomodando, diante do que as faz reagir de forma não adequada para quem nos procurou. Claro que nossas intervenções são imprescindíveis para que algo seja construído a partir daquela brincadeira ou jogo.
Ainda é importante ressaltar que durante o atendimento com a criança nós iremos atender todo um contexto, não somente ela. Se as questões partem das instituições e da família como poderíamos fazer o atendimento na infância sem ouvir as questões trazidas por estas partes? A criança está em formação, tudo ao seu redor auxilia sua construção enquanto sujeito. Desta forma, acredito que não é possível que façamos um bom atendimento de uma criança sem que tenhamos um contato frequente com os pais e alguns contatos com as instituições em que as crianças interagem.
Assim tento ressaltar, de maneira rápida e sucinta, alguns fatos importantes para vocês do que ocorre em um atendimento psicológico infantil. Nós enquanto psicólogos, iremos ouvir a demanda por atendimento dos pais ou/e das instituições e conheceremos a partir destes um pouco mais da criança e seu papel em seu contexto social. Com o paciente nós estimularemos as elaborações de suas questões de forma lúdica e possível para a idade, visando o bem estar do paciente diante de seu estar no mundo.

Gostaria de saber sobre algum outro assunto? Entre em contato e dê sua opinião. 

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O QUE É AUTISMO?


O estudo das causas do autismo é, ainda hoje, campo de conflitos. 

No campo da psicológica clínica, alguns de nós concordam em dizer que o autismo pode ser considerado como uma organização psicopatológica suscetível a se constituir como resposta a fatores iniciais muito diversos, tanto orgânicos como psíquicos. Ou seja, para nós o autismo advém de uma “ruptura” no processo de desenvolvimento da criança como ser unificado.
Como assim? Acreditamos que quando nascemos ainda não somos unificados, ou seja, um bebê não consegue identificar muito bem o que é ou não é parte do seu corpo. Ele ainda não se conhece como sujeito distinto do mundo, aos poucos ele irá aprender sobre seu corpinho, onde está a mão, o pé a barriguinha e perceber que as pessoas ao redor não fazem parte do corpo dele. E mesmo que a gente ache que isso é uma novidade, saber que o bebê não se reconhece, nós sempre soubemos disso, afinal a gente sempre pergunta para o bebê: "Quem é esse?" Ou o mostra no espelho, pede para que ele identifique quem é quem na casa, pede para que ele pegue na barriguinha dele e depois na nossa mão, essas coisas simples e que auxiliam o bebê a se identificar como ser único.

Contudo o autista sofreu algo que não o permitiu se desenvolver de forma a colocar bordas em seu corpo. Isso não quer dizer que a mãe ou pai tenham feito algo que dificultou o desenvolvimento dessa criança, há algo que é de cada um e que nós não podemos explicar. É essa falta de bordas que faz com que o mundo seja tão invasivo para o autista. 
O autismo, ainda hoje, não possui cura. Não há um tratamento que possa ser realizado e que trará para a criança um poder de convivência reconhecida como cem por cento “normal” nos dias atuais. Contudo diante de um tratamento multidisciplinar nós poderemos auxiliar o desenvolvimento deste sujeito para que ele possa alcançar sucesso em uma vivência independente e sadia. 

O autista na clínica psicológica


Na clínica psicológica infantil, o brincar é nossa maior ferramenta. É a partir dos jogos e das brincadeiras que a criança conseguirá se expressar e falar daquilo que ela mesmo ainda não sabe. Mas e o autismo como se encaixa nesse processo de brincar? Não é simples brincar com o autista, isso porque ele não lida bem com o contato social e não funciona sobre demanda. E isto é o que nós sempre temos que ter em mente. A demanda é encarada como invasiva, o simples fato de convidar a criança para brincar pode ser invasivo para o autista. Por isso na clínica nós primeiramente iremos solicitar a presença do paciente sem solicitar. Como isso? Nós vamos oferecer atividades de forma que elas não sejam invasivas, mostrando sempre para o paciente como aquilo pode ser interessante.

Na clínica psicológica nós não iremos trabalhar sob forma interrogativa, isto não funciona. O trabalho ocorrerá com o uso das atividades lúdicas. Para a gente brincadeira não é apenas um momento de diversão, é o momento em que a criança consegue falar mais do que quando fala com as palavras. Com a brincadeira a criança demonstra em suas atividades aquilo que a aflige e ela mesma não reconhece, demonstra suas angústias, medos e sofrimento. É extremamente importante o processo lúdico no processo terapêutico infantil, tudo é cheio de significados, os desenhos são, muita das vezes, portas de entrada para o inconsciente. E com o autista não é diferente, durante o processo lúdico nós estaremos trabalhando a forma como o mundo se apresenta para ele e como isso pode se tornar menos invasivo e angustiante. Claro que com crianças autistas esse processo do brincar tem suas particularidades, pois haverão vezes que nós estaremos lá, mas a criança não brincará com a gente, estará junto, no mesmo espaço, mas sem compartilhar das mesmas experiências. Contudo, para a clínica tudo isso será levado em conta, não é porque um autista não usa as palavras que ele não nos contra suas dores e angústias. Nós iremos, sempre, trabalhar buscando que esse paciente possa se constituir como ser único e com bordas, conseguindo se inserir como sujeito no mundo que o rodeia.

 Autora: Ingrid Gabri da Rosa
 Contato: 22 988288824
ingrid.gabri@hotmail.com
Bom dia pessoal,

primeiramente gostaria de me apresentar a vocês, meu nome é Ingrid, sou psicóloga formada pela Universidade Federal Fluminense e pós graduada em psicanalise infantil. Trabalho em Rio das Ostras atendendo crianças e adultos em um consultório aconchegante e preparado para um atendimento de qualidade. 

A construção deste blog vem com intuito de passar para vocês, leitores, um pouco mais de conhecimento sobre o atendimento psicológico e sua função. Espero também, receber de vocês ideias para temas a serem abordados e estarei sempre disposta para esclarecimento de dúvidas.

Já no próximo post falarei um pouco do AUTISMO, esse assunto tão em alta no nosso meio e nas nossas escolas atualmente.